VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA DURANTE O PROCESSO DE PARTURIÇÃO: relato de mulheres de uma unidade de saúde do interior de Minas Gerais

  • EMANUELE MACHADO GONÇALVES AGUIAR FACULDADE CIÊNCIAS DA VIDA
  • Milene Silva Rodrigues

Resumo

Contextualização do tema: A violência obstétrica caracteriza-se por atenção desumanizada, abuso de intervenções, medicalização e de modificações dos processos de parturição que passam de fisiológicos para patológicos. Objetivo: Conhecer as formas de violência obstétrica durante o processo de parturição, a partir de relatos de mulheres assistidas em uma unidade de saúde do interior de Minas Gerais. Materiais e Métodos: Estudo de caso, descritivo de abordagem qualitativa do problema. Realizada em uma Estratégia de Saúde da Família do município de Sete Lagoas, Minas Gerais. Os participantes da pesquisa foram mulheres cadastradas na referida unidade, que tiveram partos entre abril e setembro de 2016, totalizando uma amostra de 18 mulheres, destas, uma foi excluída por se recusar participar da pesquisa e três não foram encontradas. A coleta de dados aconteceu por meio da entrevista semiestruturada, gravada, para que o fenômeno estudado fosse abordado a partir dos relatos das mulheres que participaram do estudo. A análise dos dados utilizou a Análise Temática do Conteúdo segundo Laurence Bardin. Resultados: Foram encontradas formas de violência obstétrica como: desrespeito, preconceito, manobra de Kristeller, uso de ocitocina para acelerar o trabalho de parto, episiotomia e cesárea sem indicação clínica. Discussão: Os resultados encontrados corroboram com achados na literatura acerca da violência obstétrica. Conclusão: A violência obstétrica é um fenômeno multifatorial e uma realidade recorrente nas maternidades e que nem sempre as mulheres percebem que foram vítimas desse tipo de violência, pois lhes falta o conhecimento sobre o assunto.

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Publicado
2017-07-17