O Cuidado nutricional pós operatório em pacientes submetidos a Laparotomia.

  • Patricia Costa Fonseca Faculdade Ciências da Vida
  • Maria Isabel Toulson Davison Correa Faculdade Ciencias da Vida

Resumo

Objetivo: Avaliar o estado nutricional e a adequação da ingestão alimentar de pacientes após trauma cirúrgico. Método: Foram avaliados 98 pacientes submetidos a laparotomias para operações do trato gastrointestinal e laparotomias ginecológicas. A técnica da avaliação subjetiva global foi utilizada para diagnosticar o estado nutricional dos pacientes. Realizou-se a quantificação diária da ingestão alimentar no pós-operatório durante a internação hospitalar. Calculou-se o percentual da ingestão calórica e protéica ingerida em relação às necessidades dos pacientes, em cada dia do pós-operatório. Pesquisou-se a causa e fatores que poderiam influenciar na ingestão incompleta da dieta oferecida pelo hospital. Os cálculos nutricionais foram feitos com ajuda do software Diet Pro®. Fez-se a análise dos resultados por meio dos testes de “Mann-Whitney” e “Kruskal Wallis” com o auxílio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 10.0, considerando-se estatisticamente significativo o p ≤ 0,05. Resultados: A idade média dos pacientes foi 46,6 + 13,1 anos. A prevalência geral de desnutrição dos pacientes deste estudo foi de 20,4%, dos quais 6,1% foram desnutridos graves. O período médio de internação foi de 5,3 dias. A mediana do déficit calórico foi 525kcal e do déficit protéico foi 36g de proteína nos sete primeiros dias de internação. Observou-se demora na liberação e progressão das dietas no pós-operatório em pacientes submetidos a operações gastrointestinais, embora a literatura atual apresente vantagens na liberação da mesma. Pacientes submetidos a operações de maior magnitude, com desnutrição, idade superior a 60 anos, diagnóstico de câncer, e com período de internação prolongado apresentaram maiores déficits calórico e protéico. A avaliação da qualidade da dieta hospitalar foi positiva, sendo que 65,9% das refeições foram consideradas de excelente qualidade. Dentre as causas de ingestão incompleta dos alimentos, relatadas pelos pacientes, 85,3% foram relacionadas ao tratamento ou doença e 14,7% relativas à qualidade da refeição ou preferências alimentares individuais. Conclusão: Acredita-se que a falta de tratamento dietoterápico individualizado adequado e a subvalorização do estado nutricional e da alimentação hospitalar são fatores que podem ter contribuído para a ingestão alimentar inadequada.

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Publicado
2011-09-13